O menino do rancho
- Ervison Wyrakitã
- 24 de jul. de 2020
- 4 min de leitura

Tudo começa quando uma criança adoece somente são posto no rancho pessoa do sexo masculino, geralmente é possuída por um espirito do mato, na qual é levado para o pajé onde irá elaborar um ritual conhecido por nós, chamado trabalho de chão, neste ritual o pajé chama seus encantados para ver o que pode fazer por aquela criança, um dos encantados se habilita a cuidar do menino realizando trabalhos de cura com o mesmo, a criança e entregue ao mestre encantado pela seus pais; após lhe entregar a criança o encantado daquele momento para frente torna-se o seu protetor, quem pode ser o dono? Geralmente qualquer um dos encantos da força do caroá, pode ser mestre andorinha, mestre pedra fina, entre outros como visto na aldeia.

Depois de tudo isso acontecer os pais da criança ficarão cientes do que devem fazer, eles irão se preparando para fazer a festa da criança que pode ser pequena ou grande, mas quanto mais cedo for o pagamento da promessa melhor eficácia para o bem estar do pequeno guerreiro; geralmente essa festa ocorre um dia de domingo, sendo a abertura ao sábado com a dança dos praiás. Na festa do menino do rancho é composto por quatro personagens principais que são as duas madrinhas uma noiva e o dono do menino.

A escolha das madrinhas e da noiva é feita pelo menino mas caso seja pequeno e precisando de ir ao rancho de urgência, as escolhas são feitas pelos pais. Depois desses ocorridos vem a chegada do grande dia onde todos se preparam para fazer valer a festa do menino, pois esta comemoração é composta de regras nas quais se não cumpri-las devem colocar a criança no rancho outra vez. Na criança tem alguns objetos como um chapeuzinho de palha, um fumo de corda bruto as cintas, e a bandeirinha, é valido se o praiá pegar qualquer um desses objetos, obedecendo as seguintes regras.
1 Não vale pegar objetos do menino sem a roupa do caroá sobre sua cabeça.
2 Não vale dois praia pegar os objetos do menino.
3 Não vale o praia está escondido longe do terreiro e pegar o menino.

Entre outras das muitas regras existentes nesta comemoração, devemos respeitar todas; para que nossas entidades não peça novamente para pôr o menino no rancho se caso não valeu a promessa. No domingo fazemos a festa começando logo na parte da manhã, tomando o café na casa do menino, nesse café é servido o pirão da carne do ovino macho ou bovino, toma-se a garapa de rapadura, na casa do menino ou no poro é preparado o barro branco ou como diz na língua indígena toá, para fazer a pintura corporal que será traçada o grafismo no corpo do menino do rancho, bem como nos padrinhos; as crianças costumam apadrinhar na parte da manhã; logo após seguem para casa da noiva onde dançam os praiás e bebem a garapa de rapadura são dançado três rodas e três torés ,dando iniciativa saem da casa da noiva para visitar a casa das madrinhas onde fazem o mesmo procedimento, depois de ter feito as obrigações na parte da manhã dão início ao rito no terreiro, logo ao meio dia é servido o almoço para os praia, e os indígenas e presentes no festejo tradicional, tendo um descanso de mais ou menos uma hora, e na chegada da tarde reúnem-se os pais de folguedos para orientar seus moços e também os padrinhos para que não haja qualquer desentendimento entre eles, e pede que todos brinquem e façam a festa acontecer de forma correta.

Na parte da tarde é iniciado o rito no terreiro, madrinhas, padrinhos, noiva e o menino, dançam três toantes seguidos e ao chegar no terceiro, o instrutor da criança caça a melhor forma de correr pra qualquer lado; na corrida, geralmente quando criança é menor é levada no braço de um dos padrinhos mais experientes na brincadeira festiva, os padrinhos seguram os praiás para que eles não consigam pegar os objetos da criança, se talvez da primeira carreira eles não conseguir pegar o dono dar oportunidade para mais outra, ao pegar um objeto da criança, o encantado que teve vitória na batalha, desse momento para frente também se torna o protetor do menino junto com seu dono principal, o mesmo que a mãe lhes concedeu em mesa de trabalho quando criança para ser livre do mal espirito, depois dele ter pegado acaba o sofrimento daquela criança que vem sofrendo desde pequeno, o pajé faz a puxada entoando o toante do encantado que capturou o objeto do menino; mas nem todas as vezes, o seu dono protetor dar chance para ser pego, qualquer objeto do corpo da criança pelos seus irmãos encantados; quando não é pego nenhum dos objetos por outro praiá, o dono principal toma posse sozinho da proteção do menino durante toda a vida; assim são dançados ao termino da festa como de costume desse povo, três torés e ao sol se pondo todos se recolhem para suas moradas esperando outra oportunidade para fazer presença nessa bela tradição dos jiripankó.
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