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O índio caçador e o umbuzeiro encantado.



Certo dia um guerreiro caçador da tribo dos Jiripancó, dotado de grande conhecimento sobre as trilhas da mata se prepara para caçar. Logo cedo procura a beira de um barreiro onde lá colhe o barro e faz a quantidade de cem balas de barro para usar no seu bodoque, o bodoque desse guerreiro é feito do famoso pau de arco e pertencia ao seu avô, um ancestral de grande saber e que também foi caçador na sua juventude.

Numa sexta feira depois do almoço o seu José Aruã como era conhecido, sai pra o lado do poente da aldeia, a procura de caça, na serra da samambaia lá em busca do cruzeiro grande.

Depois de muito caminhar as pedreiras em busca de caça de preá peba e mocós avistara a primeira caça, era um tamanduá (...), saiu perseguindo o bicho até um umbuzeiro bem ramado e rasteiro, tinha formato de oca e era meio escuro, pois já estava “sol posto” como diz os mais velhos. O caçador viu que o bicho entrava embaixo desse umbuzeiro e ele logo acendeu o campiô deu umas duas fumaçadas pra cima e encruzando –se, conversou no íntimo do seu sagrado. E um dos costumes do povo levar o seu cachimbo ou campiô para mata, nas visitas e caçadas. Baseado nisso o caçador saudou os donos da arvore e logo entrou. Embaixo do umbuzeiro não encontrou o bicho de imediato, sentou-se na raiz do umbuzeiro e encostou-se no tronco, exausto fechou os olhos se deparando com um momento único ou uma das experiências mais incríveis de sua vida, pois já mais imaginara tanta admiração do que lá viu, eram muitos animais, peba, tatú, gambá, gato do mato, saguí, preá, mocó, punaré e pássaros de toda diversidade (...). em meio aos animais estava um homem, que de imediato pergunta, qual caça dessas aqui você quer, o caçador responde “eu só quero a que eu vim atrás”. Você fez uma boa escolha; disse o homem, eu lhe darei porque soube escolher (...) pois tudo que estava recolhido é meu, e lembre-se, para tudo tem seu dia e sua hora, acorde e vá para casa, de pressa acorde e leve – a. O caçador abrindo os olhos avista o tamanduá em sua frente, abate o bicho e leva-o para casa como orientou o homem da sua visão.

Essa narrativa demostra uma vivência dos caçadores do grupo indígena, a alusão ao mundo encantado requer uma certa sensibilidade de respeito e interação com o imaterial para obtermos o que queremos, o caçador teve o tamanduá, mas aprendeu que tem dia e hora para entrar na mata e os animais também tem donos.

Wyrakitã TERÊ

Ervison ARAÚJO, 2022.

 
 
 

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